Malagueta em O Tempo
Daniel Barbosa fez no dia 4 de setembro de 2010 uma entrevista com Adriana Agostini, autora de Lésbicas na TV: The L Word, para o jornal O Tempo, de Belo Horizonte.
Livro investiga o impacto da série “The L Word”
A jornalista e escritora Adriana Agostini lança em Belo Horizonte, no próximo fim de semana, o livro Lésbicas na TV: The L Word (ed. Malagueta, 240 págs.), fruto de sua dissertação de mestrado, defendida em março deste ano, na qual destrincha e investiga o impacto da série televisiva “The L Word”, exibida pelo canal Warner (terças, à 0h). A autora tem na ponta da língua as razões que a levaram a se debruçar sobre o tema: “É um marco. Acho que, daqui a algum tempo, vai se pensar o universo lésbico antes e depois de `The L Word´ por tudo o que a série representa”, aponta.
Ela destaca, sobretudo, o ineditismo do programa e a abordagem que ele propõe da questão. “Em primeiro lugar, é preciso dizer que a série é o primeiro programa de televisão a colocar um grupo de lésbicas como protagonistas, e que ela conseguiu criar uma grande rede de comunicação por meio da web entre lésbicas dos mais diversos países, mesmo em locais onde não foi exibida, porque foi muito vista por meio de downloads”, diz, acrescentando que pretendeu, com o livro, entender o motivo de tamanho sucesso.Adriana diz que seu ponto de partida foi um estudo detalhado de cada uma das cinco protagonistas, que participaram das seis temporadas da série. Ela diz que Alice, Jenny, Bette, Tina e Shane trazem questões comuns a todas as lésbicas e que contribuem para desmontar estereótipos. “É algo que reafirma a fluidez da sexualidade e, sobretudo, mostra que mulheres lindas, femininas e bem-sucedidas também são lésbicas. A série destrói também pensamentos machistas e preconceituosos que acham que uma mulher se torna homossexual apenas por ser feia, gorda ou mal comida”, diz.
Ela acredita que, mesmo na TV aberta, houve avanços no que diz respeito à presença dos homossexuais. “Hoje, já vemos mais lésbicas em séries e novelas. Conseguimos deixar o estereótipo, por exemplo, da personagem Tonhão, da Cláudia Raia, em TV Pirata. Além disso, vemos mulheres bonitas nesse papel. Outro avanço é que a orientação sexual, em alguns casos, já não aparece mais como problema, é tratada com mais naturalidade”, diz.
Lésbicas na TV Trecho da introdução
“Assistimos aos 70 capítulos da série e identificamos algumas pistas para o desenvolvimento deste livro. A primeira delas foi a de ver que, no programa, as personagens ocupam um lugar de destaque, firmando-se como a grande atração da trama. A segunda foi que a série não tem apenas uma protagonista, diluindo e alternando momentos de destaque entre as integrantes de um grupo de amigas lésbicas”.