Sarau reúne assuntos polêmicos e diversão
Karina Dias, que além de autora da Malagueta é jornalista, relata aqui como foi o sarau das brejeiras e dedilhadas em comemoração ao dia internacional da mulher.
Na tarde do último sábado, 9 de março, a Editora Brejeira Malagueta recebeu um grupo diversificado de mulheres para falar sobre a produção de cultura lésbica no país. O evento foi em Pinheiros, no Tertúlia sebo e café.
Com o título Lésbicas que fazem!, o sarau teve a presença da diretora do documentário 4 Minas, Elisa Gargiulo, a colunista do portal Parada Lésbica, Raquel Capozzoli, as apresentadoras do programa Dedilhadas, Sazinha e Roberta, e as brejeiras Laura Bacellar e Hanna Korich.
No encontro, discutiram-se assuntos variados como a postura da lésbica brasileira, a lesbofobia, que são todas as formas de opressão sofridas pelas mulheres homossexuais, e que em algumas situações permeiam também o mundo LGBT. Além de temas pouco debatidos como a violência entre casais. “A solução é o apoio mútuo, inclusive na parte que envolve a violência entre as mulheres”, garante Elisa.
Inteiradas sobre as transformações sociais que acontecem nos últimos tempos –ainda que seja um processo lento –, as palestrantes falaram sobre o que tem contribuído e o que falta ser feito para que haja mais visibilidade quando o assunto envolve a mulher homossexual. “Tem bastante coisa mudando. A Internet, por exemplo, tem ajudado muito. O que não está mudando tão rápido é a consciência das lésbicas. Elas ainda têm medo de se assumirem”, diz Laura.
A falta de apoio às ações realizadas por pessoas que dedicam tempo, dinheiro e esforço para produzir conteúdo com a temática não deixou de ser mencionado. “Eu gostaria de uma cultura lésbica mais vibrante. As mulheres deveriam aproveitar as oportunidades, senão, seremos obrigadas a ver The L Word para sempre, por falta de opção. Outra coisa importante é prestigiar o que está sendo feito, porque quem vai produzir cultura lésbica para a gente somos nós”, desabafa Elisa.
A dificuldade de encontrar espaço para dividir as angústias que envolvem a condição sexual foi o diferencial no discurso de Raquel. “Mulher é carente, sapatão é o dobro. Desde que entrei no Parada, as meninas procuram ajuda para resolver questões de relacionamento. Elas querem alguém que as escute. Precisam de um espaço para falar”, diz.
Sazinha e Roberta compartilham a mesma opinião. Por necessidade de ajudar jovens lésbicas que não tinham referências nem lugares para manifestar-se, mudaram o formato do Dedilhadas, exibido na Web. “Percebemos que elas precisavam de um exemplo para seguir, por isso adotamos um modelo mais social. Falamos de assuntos sérios com bom humor”, acrescenta Sazinha, idealizadora do programa.
Divertido e envolvente o sarau abriu espaço para que as ouvintes pudessem contribuir com o debate, opinando e sugerindo novas posturas, além de
a rede de amizades e dar boas gargalhadas com assuntos divertidos que surgiram durante o ciclo de palestras.