{"id":115,"date":"2010-09-26T13:31:52","date_gmt":"2010-09-26T13:31:52","guid":{"rendered":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/2010\/09\/26\/homofobia-em-sao-paulo\/"},"modified":"2010-09-26T13:31:52","modified_gmt":"2010-09-26T13:31:52","slug":"homofobia-em-sao-paulo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/homofobia-em-sao-paulo\/","title":{"rendered":"Contra a homofobia"},"content":{"rendered":"

\"protesto_homofobia\"Hanna Korich, uma das fundadoras aqui da Brejeira Malagueta, anda inconformada com os atos homof\u00f3bicos que pululam \u00e0 nossa volta e escreveu este artigo, al\u00e9m de ter participado do protesto na avenida Paulista do dia 21 de novembro.<\/em>
N\u00e3o pretendo analisar as origens hist\u00f3ricas do horror \u00e0 homossexualidade e o parentesco deste preconceito com o racismo e o machismo, deixo para especialistas como Daniel Borrillo, autor de Homofobia \u2013 Hist\u00f3ria e cr\u00edtica de um preconceito<\/strong><\/em><\/a>. Por\u00e9m, como homossexual assumida que sou, n\u00e3o posso silenciar frente aos recentes atos homof\u00f3bicos ocorridos nesta metr\u00f3pole, dita \u201ccivilizada\u201d, onde acontece todos os anos a maior parada gay do mundo!
\u00c9 impressionante constatar que tem gente que acha que a discrimina\u00e7\u00e3o n\u00e3o existe. Eu como homossexual tenho certeza que ela existe.
Independentemente da orienta\u00e7\u00e3o sexual, qualquer pessoa sabe que est\u00e3o ocorrendo v\u00e1rias esp\u00e9cies de manifesta\u00e7\u00f5es homof\u00f3bicas em S\u00e3o Paulo, basta andar pelas avenidas, ler jornais, acessar a internet, assistir televis\u00e3o, enfim, se voc\u00ea mora no Brasil e est\u00e1 minimamente ligado, este tipo de manifesta\u00e7\u00e3o \u00e9 flagrante e vis\u00edvel.
Algumas not\u00edcias publicadas nas \u00faltimas semanas nos jornais, s\u00e3o ilustrativas:
\u201cAcusados de agress\u00e3o na Paulista s\u00e3o soltos\u201d,\u201cEm dois ataques, a pol\u00edcia diz haver ind\u00edcios de homofobia.As v\u00edtimas relataram que os agressores diziam para elas: Suas bichas, Voc\u00eas s\u00e3o namorados\u201d. Folha de S. Paulo<\/em> de 16\/11\/2010.
\u201cJovem atacado na Paulista escapou da morte, diz pol\u00edcia\u201d, \u201cUniversidade em S\u00e3o Paulo quer ter o direito de ser homof\u00f3bica\u201d Blog da Folha 11\/11\/2010.
Recentemente, o encarte Folhateen, de 1\u00ba\/11\/2010, tamb\u00e9m publicou uma mat\u00e9ria corajosa denunciando a homofobia, com o t\u00edtulo \u201cPreconceito fatal\u201d, contando casos de suic\u00eddios de jovens homossexuais por causa da discrimina\u00e7\u00e3o. Num deles o jovem relata que o namorado se matou aos 19 anos pulando do s\u00e9timo andar porque \u201cachava que n\u00e3o tinha futuro sendo gay\u201d.
Afirmo, n\u00e3o s\u00f3 como homossexual mas como ser humano, que ser gay n\u00e3o \u00e9 errado!
Errado \u00e9 fazer algu\u00e9m passar fome, explorar, enganar e principalmente ofender e agredir.
O homossexual sofre discrimina\u00e7\u00e3o? Sim, \u00e0s vezes em n\u00edveis insuport\u00e1veis! Tem gente que ainda acha que os homossexuais n\u00e3o s\u00e3o confi\u00e1veis e normais. Tem gente que ainda afirma que a homossexualidade \u00e9 uma doen\u00e7a! Essa id\u00e9ias e sentimentos s\u00e3o totalmente equivocados e demonstram ignor\u00e2ncia. Eu tenho vizinhos que me d\u00e3o as costas no elevador, n\u00e3o me cumprimentam, s\u00e3o homof\u00f3bicos sim.
Tenho orgulho de dizer que sou homossexual, n\u00e3o tenho vergonha e sei me defender.
Esse clima geral gargalhante tipicamente brasileiro parece liberdade,\u00a0 mas engana. Precisamos denunciar e combater diariamente a homofobia, ela esta a\u00ed, nas escolas, nas ruas, no trabalho, na pol\u00edtica, em todos os lugares. Ela \u00e9 o medo, a avers\u00e3o e o \u00f3dio irracional. \u00c9 a causa principal da discrimina\u00e7\u00e3o e viol\u00eancia f\u00edsica, moral ou simb\u00f3lica contra l\u00e9sbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
Todos s\u00e3o iguais perante a lei. Por isso, todos podem e devem ser punidos por discrimina\u00e7\u00e3o homof\u00f3bica.
A Declara\u00e7\u00e3o Universal dos Direitos Humanos reconhece que as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
Como editora que sou, da \u00fanica editora l\u00e9sbica da Am\u00e9rica Latina, n\u00e3o posso deixar de citar duas frases que me chamaram muita aten\u00e7\u00e3o de autoras completamente diferentes no seu tempo e origem, mas t\u00e3o iguais quanto aos efeitos da discrimina\u00e7\u00e3o homof\u00f3bica por que eram l\u00e9sbicas: Cassandra Rios e a inglesa Hadcliffe Hall.
Cassandra, com mais de 60 t\u00edtulos livros publicados no Brasil, o primeiro em 1948, no romance de 1979
Eu sou uma l\u00e9sbica<\/strong><\/em><\/a> terminoucom uma pergunta: \u201cEu sou l\u00e9sbica. Deve a sociedade rejeitar-me?\u201d
Radclyffe Hall, no romance
O po\u00e7o da solid\u00e3o<\/strong><\/em><\/a>, publicado em 1928 e considerado a b\u00edblia do lesbianismo, no final do livro coloca a protagonista, Stefhen Gordon, dirigindo-se a Deus: \u201cEnt\u00e3o, levante-se e nos defenda, reconhe\u00e7a-nos, \u00f3 Deus, ante o mundo inteiro, d\u00ea-nos o direito de existir!\u201d
Eu respondo a Cassandra: N\u00e3o! A pr\u00e1tica da viol\u00eancia homof\u00f3bica \u00e9 inaceit\u00e1vel e deve ser repudiada.
Viva a diversidade!<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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