{"id":167,"date":"2011-02-05T20:59:39","date_gmt":"2011-02-05T20:59:39","guid":{"rendered":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/2011\/02\/05\/frente-e-verso-no-blogay\/"},"modified":"2011-02-05T20:59:39","modified_gmt":"2011-02-05T20:59:39","slug":"frente-e-verso-no-blogay","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/frente-e-verso-no-blogay\/","title":{"rendered":"Frente e verso no Blogay"},"content":{"rendered":"

<\/p>\n

Escrito por Vitor Angelo \u00e0s 18h36<\/p>\n

29\/08\/2011<\/p>\n

Livro \u00e9 lan\u00e7ado para comemorar o Dia da Visibilidade L\u00e9sbica<\/strong><\/p>\n

\"capa-frenteverso-baixa\"<\/a>Segunda-feira, 29, \u00e9 o dia da Visibilidade L\u00e9sbica. Logo de cara, a gente se pergunta, por que n\u00e3o orgulho? O acerto do termo vem que antes de se ter orgulho, \u00e9 preciso ter visibilidade. Mas se uma sociedade que ainda considera o sexo feminino um subg\u00eanero \u2013 apesar das mudan\u00e7as profundas que as feministas conquistaram nessas \u00faltimas d\u00e9cadas \u2013, imaginem o que pensam de mulheres que gostam de outras mulheres. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que muitas musas da nossa MPB (M\u00fasica Popular Brasileira) s\u00e3o “enclosetadas”.<\/p>\n

Esse termo “enclosetada”, que significa esconder sua orienta\u00e7\u00e3o homossexual, eu aprendi no livro “Frente e Verso – Vis\u00f5es da Lesbianidade”, da editora Brejeira Malagueta (a \u00fanica que exclusivamente publica na Am\u00e9rica Latina livros dirigidos para o universo l\u00e9sbico), lan\u00e7ado na data para dar exatamente mais visibilidade ao amor er\u00f3tico entre mulheres como algo com identidade pr\u00f3pria e n\u00e3o apenas um ap\u00eandice do erotismo heterossexual masculino – apesar de ser algo v\u00e1lido tamb\u00e9m dentro da ampla gama de possibilidades que \u00e9 a sexualidade humana, \u00e9 importante tamb\u00e9m notar que a lesbianidade tem vida pr\u00f3pria longe dos machos. E necessita ser vis\u00edvel como tal.<\/p>\n

A publica\u00e7\u00e3o \u00e9 o trabalho de tr\u00eas mulheres homossexuais: Laura Bacellar, Hanna Korich e L\u00facia Facco. S\u00e3o compila\u00e7\u00f5es de textos publicados na internet e in\u00e9ditos de tr\u00eas autoras que se posicionam dentro da pol\u00edtica, cultura e comportamento e retiram um grande clich\u00ea que diz que as l\u00e9sbicas s\u00e3o mal humoradas. Os textos de “Frente e Verso” s\u00e3o cheios de um humor inteligente como comprova uma das co-autoras \u2013 e agitadora cultural – Laura Barcellar em entrevista exclusiva para o Blogay.<\/p>\n

Blogay: Como surgiu o livro?<\/strong> <\/p>\n

Laura Barcellar: N\u00f3s tr\u00eas somos l\u00e9sbicas que 1) ficamos indignadas ou incensadas quando vemos algumas manifesta\u00e7\u00f5es que passam batido pela cultura em geral, como a declara\u00e7\u00e3o de Cl\u00e1udia Jimenez [atriz] de que caiu nas mulheres porque se sentia muito gorda e pouco atraente para os homens; 2) escrevemos sobre isso em sites; 3) achamos importante que as l\u00e9sbicas saiam dos buracos onde se escondem e falem sobre si mesmas. Assim, resolvemos reunir o que t\u00ednhamos feito e pensado, incluindo artigos in\u00e9ditos, e publicamos o \u201cFrente e Verso – Vis\u00f5es da Lesbianidade\u201d. Que \u00e9 o primeiro livro de artigos assinados por l\u00e9sbicas a sair desde o \u201cGrrrls\u201d de Vange Leonel, de 2001.<\/p>\n

Como o livro forma uma unidade? Como se discutiu a edi\u00e7\u00e3o dos textos?<\/strong><\/p>\n

N\u00f3s selecionamos os artigos que abordavam de maneira clara a lesbianidade e focavam cultura ou comportamento ou pol\u00edtica. Como temos uma opini\u00e3o semelhante quanto \u00e0 necessidade de nos expormos e falarmos e marcarmos terreno, e como acreditamos firmemente na necessidade de que as mulheres l\u00e9sbicas devem exercitar sua autoestima se quiserem ter a m\u00ednima chance de uma vida n\u00e3o miser\u00e1vel, nossos artigos formaram uma unidade surpreendente.<\/p>\n

No que as l\u00e9sbicas s\u00e3o diferentes dos gays?<\/strong><\/p>\n

As l\u00e9sbicas s\u00e3o menos corajosas, mais enfiadas em casa, menos acostumadas a brigar pelo que querem. Isso porque foram criadas como mulheres, e os gays como homens. Essa diferen\u00e7a de assertividade \u00e9 um veneno se voc\u00ea se encontra numa posi\u00e7\u00e3o que a sociedade desaprova. A maioria das mulheres tem muita dificuldade de fazer algo que sua fam\u00edlia, seus colegas de trabalho e escola e templo desaprovem.<\/p>\n

Laura, existe uma cren\u00e7a de que as l\u00e9sbicas se vestem mal? O que acha disso?<\/strong><\/p>\n

\u00c9 verdade, hehehe. Como n\u00e3o h\u00e1 uma moda espec\u00edfica para l\u00e9sbicas — com exce\u00e7\u00e3o talvez do que foi visto no seriado \u201cThe L Word\u201d — e como a moda ignora que existam mulheres que queiram ser atraentes para outras mulheres, as l\u00e9sbicas acabam fazendo escolhas individuais que muitas vezes valorizam o conforto. Eis a raz\u00e3o de “sapat\u00e3o”, j\u00e1 que as l\u00e9sbicas em geral odeiam sapatos apertados como os de salto. H\u00e1 exce\u00e7\u00f5es, mas se voc\u00ea arranja uma namorada sem precisar se torturar, para que se torturar?<\/p>\n

Como mudar a ideia quase de senso comum que a lesbianidade \u00e9 uma esp\u00e9cie de ap\u00eandice, uma preliminar e fantasia dentro das rela\u00e7\u00f5es heterossexuais?<\/strong><\/p>\n

Fazer o qu\u00ea? Os homens acham que o mundo existe \u00e0 sua volta e foi criado para servi-los. Como l\u00e9sbicas s\u00e3o um evento que realmente acontece fora de sua \u00e1rea de influ\u00eancia, os homens acham que \u00e9 uma provoca\u00e7\u00e3o para um sexo diferente. Mudar isso exigiria que as pessoas come\u00e7assem a entender que as mulheres s\u00e3o diferentes dos homens e n\u00e3o existem para servi-los. Mas elas pr\u00f3prias precisariam mudar sua atitude de fazer qualquer coisa para conquistar um macho, n\u00e3o?<\/p>\n

O movimento GLBT resolveu colocar o L antes \u2013 virou LGBT – para dar destaque \u00e0s l\u00e9sbicas. Voc\u00eas acreditam que isso mudou alguma coisa ou melhorou a vis\u00e3o dos outros grupos (bi, trans, gays) em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s l\u00e9sbicas?<\/strong><\/p>\n

N\u00e3o, uma mudan\u00e7a como essa tem pouco impacto, mas aponta uma situa\u00e7\u00e3o verdadeira: onde quer que haja gays e l\u00e9sbicas, as l\u00e9sbicas somem e os gays aparecem. O problema \u00e9 o machismo da nossa sociedade, n\u00e3o algo particular das minorias sexuais.<\/p>\n

Apesar de serem primos, o que \u00e9 mais dif\u00edcil para uma l\u00e9sbica, combater a homofobia ou a misoginia?<\/strong><\/p>\n

As l\u00e9sbicas sentem os dois todos os dias, \u00e9 dif\u00edcil responder. Mas eu diria que no cotidiano a misoginia \u00e9 mais atuante, porque a popula\u00e7\u00e3o n\u00e3o tem consci\u00eancia de quantas l\u00e9sbicas existem. Eu sinto mais preconceito por ser mulher, que todo mundo v\u00ea e percebe que eu sou, do que como l\u00e9sbica, j\u00e1 que n\u00e3o \u00e9 sempre que minha orienta\u00e7\u00e3o sexual acusa nos radares das pessoas em volta.<\/p>\n

Laura Bacellar e Hanna Korich, co-autoras – junto com L\u00facia Facco – do livro “Frente e Verso – Vis\u00f5es da Lesbianidade”. Lan\u00e7amento cobre lapso de 10 anos sem um t\u00edtulo sobre o universo das l\u00e9sbicas no pa\u00eds<\/p>\n

\u00a0<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Escrito por Vitor Angelo \u00e0s 18h36 29\/08\/2011 Livro \u00e9 lan\u00e7ado para comemorar o Dia da Visibilidade L\u00e9sbica Segunda-feira, 29, \u00e9 o dia da Visibilidade L\u00e9sbica. Logo de cara, a gente se pergunta, por que n\u00e3o orgulho? O acerto do termo vem que antes de se ter orgulho, \u00e9 preciso ter visibilidade. Mas se uma sociedade […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[],"builder_content":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/167"}],"collection":[{"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=167"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/167\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=167"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=167"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/editoramalagueta.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=167"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}