Malagueta no Jornal do Brasil
A coluna de Heloísa Tolipan de 29 de março de 2010 noticiou nosso sarau em Copacabana e falou um pouco com Karina Dias, que lançou Aquele dia junto ao mar em sua cidade natal. Confira.
Egidio Bruno, dono da livraria Bolívar, Karina Dias e Laura Bacellar
Diversidade literária
Em tempos em que homofobia virou polêmica cotidiana – vide o BBB 10 – encontramos Laura Bacellar, Hanna Korich e Karina Dias – homossexuais assumidas e bem resolvidas – que, ao invés de travar batalhas, transformam em literatura seus anseios por uma sociedade na qual diferença seja apenas um ponto de vista. Laura e Hanna são casadas e donas da editora Malagueta, especializada em literatura homossexual, e Karina, escritora. “Na nossa opinião, o melhor antídoto contra o preconceito é o conhecimento. Uma das razões para a existência da editora”, define Laura. O resultado positivo do trabalho delas ficou explícito no sarau batizado lésbico-literário, realizado, sábado, junto com o lançamento do romance Aquele dia junto ao mar, de Karina (cuja entrevista você confere abaixo), na Livraria Bolívar, em Copacabana.
“Os nossos eventos têm sido bem noticiados, recebido bons públicos e acolhidos com carinho por livrarias e locais abertos à diversidade. Apesar de toda a homofobia, tem muita gente nesse país que acha uma bobagem solene alimentar preconceito”, explica Laura. O evento vespertino, que contou com outras escritoras do ramo lendo trechos de seus livros, reuniu não só mulheres. “A literatura é uma forma divertida, que entretém, enquanto justamente informa o leitor ou a leitora sobre outras realidades. Quem lê um de nossos livros e não conhece lésbicas em geral reage achando tudo muito parecido. A literatura ilumina a humanidade de todos”, resume Laura.
E como lidar com quem ainda insiste em ser preconceituoso? “Somos uma editora pequena e essa categoria sofre tanto, mas tanto, no mercado editorial, que não dá para dizer se é preconceito ou falta de tamanho. Claro que existem gráficas que se recusam a dar orçamento e algumas livrarias que não querem nem ouvir falar da gente, mas nosso problema é que o mercado de distribuição não é muito amigável para editoras de nicho”, conta.
E como vencer essa barreira? “Uma pessoa que conheça e compreenda o que são as minorias – aliás, qualquer minoria, não apenas gays e lésbicas ou transgêneros – perde o medo, não vê mais nenhuma ameaça naquilo. Os fundamentalismos alimentam medo e separação pela ignorância, enquanto o contato calmo e informado com outras culturas, outros grupos, alimenta o respeito pelo ser humano em seus vários formatos”. Eis o caminho para o sonhado happy end.
Um papinho com Karina Dias
Que tipo de mensagens carregam seus livros?
Escrevo sobre superação. Sinceramente, as pessoas não podem nunca se anular, seja por qual motivo for. A felicidade é um bem que só cabe a nós conquistarmos.
Para Karina, como seria o happy end perfeito?
Um belo final feliz seria aquele em que todas as pessoas parassem de julgar umas as outras. Assim, o preconceito deixaria de existir.
Você é casada. Pretende ter, ou adotar, filhos?
Sim. Minha companheira está fazendo uma série de exames, estamos buscando orientação de uma boa profissional, e quando tudo estiver ok, iniciaremos as tentativas de concepção.