Malagueta em Paraty 2010
A 2ª Conversa Lésbica Literária de Paraty, incluída no circuito paralelo da OFF FLIP no dia 7 de agosto de 2010, foi maravilhosa. Georgina Martins, Márcia Leite e Lúcia Facco falaram com muita emoção — temperada com humor e inteligência — sobre as razões que as levaram a escrever livros que desafiam a norma. Georgina contou que a criança que a inspirou para O menino que brincava de ser foi seu filho, que aos seis anos gostava de vestir as fantasias mais variadas, inclusive de bruxa e fada. Márcia disse que aproveitou a oportunidade dada pelo editor da Ática para colocar um garoto gay numa história juvenil, Do jeito que a gente é, também pensando em seu filho. A questão a moveu tanto que o personagem acabou virando um dos protagonistas, algo pioneiro quando se trata de um livro dirigido a adolescentes na escola. E Lúcia relatou ter ficado chocada com o preconceito que seu filho, este heterossexual, sofria dos colegas e professores por ter mães lésbicas, o que a levou à pesquisa que resultou em Era uma vez um casal diferente.
Como Georgina deixou claro, o problema não era que seu filho se comportava fora dos padrões esperados para um menino, mas sim que as pessoas em volta se achassem — e ainda achem — no direito de julgá-lo e tratá-lo mal por isso. Todos os presentes concordaram quando ela disse que o que uma mãe deseja é que seu filho seja honesto, íntegro, responsável, preocupe-se com os outros. Se ele é homossexual ou hetero, comporta-se de acordo com os papéis tradicionais de masculino e feminino ou não, importa pouco. Ou nada.
Sem que ninguém tivesse planejado, apareceu um modelo muito comovente de mães que escrevem e falam de modo muito corajoso e articulado para tornar o mundo melhor para seus filhos, para diminuir o preconceito e a discriminação, sempre estúpidos, que os fazem sofrer.
A Editora Malagueta sentiu-se honrada com a fala dessas mulheres tão íntegras e honestas e preocupadas com os outros.
Todas as fotos foram gentilmente cedidas por Flávio Bacellar.